Sobre o deixar para amanhã...

23-04-2019

Este texto, sobre o "empurrar com a barriga"​, surge nesta altura, após a Páscoa, porque esta Época, associada à Ressurreição de Cristo, remete para o Renascimento, ou melhor, para o encetar de novas decisões, tarefas e metas...

... E essas experiências, tornadas vivências, dão cor e sabor à vida! 

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Este texto, sobre o "empurrar com a barriga"​, surge nesta altura, após a Páscoa, porque esta Época, associada à Ressurreição de Cristo, remete para o Renascimento, ou melhor, para o encetar de novas decisões, tarefas e metas...


... E essas experiências, tornadas vivências, dão cor e sabor à vida! 


Eis, como introdução ao tema, a letra de António Variações e António Rodrigues Ribeiro:

"É p'ra amanhã

Bem podias fazer hoje 

Porque amanhã sei que voltas a adiar 

E tu bem sabes como o tempo foge 

Mas nada fazes para o agarrar 

Foi mais um dia e tu nada fizeste 

Um dia a mais tu pensas que não faz mal 

Vem outro dia e tudo se repete 

E vais deixando ficar tudo igual 

É p'ra amanhã 

Bem podias viver hoje 

Porque amanhã quem sabe se vais cá estar 

Ai tu bem sabes como a vida foge 

Mesmo que penses que está p'ra durar 

Foi mais um dia e tu nada viveste 

Deixas passar os dias sempre iguais 

Quando pensares no tempo que perdeste 

Então tu queres mas é tarde demais 

É p'ra amanhã 

Deixa lá não faças hoje 

Porque amanhã tudo se há-de arranjar 

Ai tu bem sabes que o trabalho foge 

Mesmo de quem diz que quer trabalhar 

Eu sei que tu andas a procurar 

Esse lugar que acerte bem contigo 

Do que aparece não consegues gostar 

E do que gostas já está preenchido"

Este é um dos temas que mais me aparece em consulta: o empurrar com a barriga; o deixar para amanhã o que é para fazer hoje; o entulhar-se de tarefas que, precisamente, por isso, se tornam intermináveis, reforçando a ideia de que não se é capaz.

Está presente em relações tóxicas, das quais se quer livrar, mas se adia constantemente; está presente numa vida laboral que não preenche; está, no limite, a adiar a vida de muitos de nós.

E se adia a vida, adia o desenvolvimento, ou pelo menos entrava novas experiências, que poderiam tornar-se vivências, a criar as memórias que compõem o quadro da vida.

A questão é: como quer pintar o seu? Fluido ou com impasses? Construindo ou sabotando?

É que esperar por uma solução milagrosa, sem a nossa acção, sabota a vida.

Aliás, sabotar-se a si mesmo acontece quando uma parte de nós boicota a nossa acção, começando primeiramente com as palavras, com as quais pensamos e que, por seu turno, influenciam, por exemplo, os nossos níveis de auto-motivação ou de vontade para planear, iniciar, manter e verificar as nossas tarefas ou eventos da vida (e.g., planos de crescimento e superação pessoal ou profissional).

A procrastinação contribui enormemente para a auto-sabotagem, pois este comportamento, agido de forma sistemática, leva-nos a arrastar o tempo útil da nossa vida, sem que nada se cumpra, ou sem que nada seja acrescentado, por nós, ao nosso próprio desenvolvimento (emocional, cognitivo ou relacional). Em suma, estagna-nos.

Mantermo-nos focados nas metas que queremos atingir, desligando-nos de distracções (no sentido de tudo aquilo que não contribui para o desenvolvimento humano), são dois dos antídotos mais usados.

Por outro lado, a falta de assertividade, expressa na dificuldade de dizer "Não" aos outros, assoberba a agenda tornando a incompletude das tarefas um desenrolar óbvio e o desgaste mental uma certeza. Se nunca terminarmos as tarefas às quais nos propomos, reforçamos a ideia de que não somos capazes.

Contudo, se prestarmos atenção, uma vez que o dia tem 24h, deveria ser dividido em 3 parcelas: 8h de sono (para funcionarmos no nosso melhor nível cerebral), 8h para trabalho (remunerado) e 8h para lazer (o que inclui o cuidar de si, da casa e da família).

Isto significa que devemos assumir apenas tarefas de 8h por dia, em termos familiares; de 8h por dia em termos laborais e devemos sempre respeitar as necessidades de descanso do nosso corpo e cérebro.

Por último, a baixa auto-estima boicota a vida, em geral, porque está na base de pensamentos que desmotivam: "Não consigo"; "Não mereço"; "Nunca conseguirei fazer o que o meu colega faz"; "Eles são mesmo excepcionais e eu sinto-me tão pequenino, quando me comparo com eles"; "Nunca vou conseguir ser tão bom como eles; "Nunca vou conseguir superar/ lidar com isto, porque não tenho o necessário, ao contrário dos outros.".

Aprender a ver-se como uma pessoa com características dignas de serem valorizadas e aprender a deixar de idealizar as características dos outros são duas formas de dominar os efeitos negativos da baixa auto-estima, na auto-sabotagem.

Uma outra forma, mais profunda é, claramente, através da ciência que trata estas questões: a Psicologia Clínica.

Dr.ª Rute Teixeira, Neuropsicóloga e Psicóloga Clínica e da Saúde                                                           Agendamento de consultas:  96 336 74 37
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