Sobre o Carnaval
Retirar, por momentos, a máscara social, colada ao corpo e à alma, pode ser, deveras, catártico!
Photo by: Frank Kovalchek - "Couple in love at the 2010 Carnevale in Venice"
O período festivo do Carnaval caracteriza-se por "ninguém levar a mal" alguns comportamentos que seriam, noutras épocas, considerados desajustados.
Assim, há a permissão oficial (e externa) e interna (sim, estou a abordar ambas as censuras!) para agir, pelo menos parte de algumas fantasias, recorrendo a outras vestes, a outras máscaras e a outros comportamentos, que não (costumam) caracterizar a personalidade de quem escolhe divertir-se no Carnaval.
Aliás, a própria palavra "personalidade" deriva do termo grego "persona", que se referia às máscaras usadas pelos actores, para melhor caracterizá-los em palco.
Então, "persona", "pessoa" ou "personalidade" são as formas pelas quais nós nos apresentamos a nós mesmos, aos outros e ao mundo, no nosso quotidiano.
Posto isto, quem diz: "Não me mascaro no Carnaval porque ando mascarado o ano inteiro!", alguma razão há-de ter.
De facto, andamos mascarados o ano inteiro, porém as máscaras são tão difíceis de retirar que, mesmo em terapia, há resistências a mostrar as emoções, os afectos e os pensamentos que se escondem detrás delas.
Umas são mais imponentes e cheias de detalhes, enfim, umas verdadeiras Máscaras de Veneza!...
Outras há: menos ornamentadas; mais assustadoras; mais angélicas... Todas escondem, algumas protegem e outras afastam...
Mas regressando ao Carnaval, espero que com este pequeno texto passe a dar-lhe uma chance, percebendo-o como lugar e espaço de agir fantasias, desde as mais íntimas às mais saudáveis e criativas!
Retirar, por momentos, a máscara social, colada ao corpo e à alma, pode ser, deveras, catártico!